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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PRIMEIRA PROVA DO TORNEIO BUA

"Em Janeiro de 1970 foi realizada a primeira Prova do Torneio Internacional BUA de Formula Ford.


Nós tínhamos feito uns acertos no FUSCA, já com o numeral #52, trocamos os pneus traseiros que eram muito grandes, colocamos uma quarta mais curta, o que daria mais força na curva sul, e nas saídas das demais, melhoramos a carburação. Após o episódio da "espanada" das estrias do cubo de roda voltamos ao Autódromo na quinta feira de treinos livres qua antecediam a Primeira Prova do Torneio Internacional BUA de Formula Ford. O Erwin, dono do carro, já com a carteira de piloto, que era um porra louca, sentou e foi experimentar. Na 2º volta já passou com 1,59 “baixo, na 3º 1,58" baixo, e depois de umas seis voltas começou a cravar 1,56 “e parou pra que eu experimentasse. Eu sempre mais cauteloso que ele, virei, depois de algumas voltas 1,56" alto. Sinalizaram para que eu parasse e o Erwim me deu um esporro.


"Porra, isso ta parecendo acompanhamento de enterro. Baixa a bota. Tem que baixar meu tempo".
Eu argumentei que não estava valendo nada, e que eu não queria arriscar uma escapada que pudesse danificar o carro.
Ele concordou meio contrariado e subimos para aguardar os treinos oficiais da preliminar do Torneio BUA.
Sexta feira, ante véspera da prova, descemos pra treinar e eu dei umas três voltas em 1,58” baixo e mais umas três em 1,56 cravados. Conversamos, ele perguntou se dava pra melhorar, eu disse que na hora da verdade podia ser que tirasse alguma coisa”.
Sábado, treinos classificatórios, coloquei o capacete, as luvas (soutien de vaca, rs) ele me ajudou a colocar o cinto e fez mais uma recomendação:
"Cara, procura fazer a Sul e a Norte mais forte, acho que você consegue, e vai dar mais relógio”.
Saí dos boxes pensando naquilo, me concentrei mais no traçado da Sul e da Norte, dei umas duas voltas em 1,56 “alto, apertei mais um pouco, e me sinalizaram 1,55" cravado, 1,54 “alto, 1,54" baixo e 1,54 “baixo, repeti o 1,54” baixo, novamente 1,54 “baixo e entrei nos boxes”.
O Erwin, o Juca, o Alemão e o Betinho sorrindo de orelha a orelha. Na minha frente o MINI, um outro fusca com 1,54 “cravado, acho que o Botelho, numeral #6, não tenho certeza”.



Enroscando com  o Jorge Botelho.


Domingo, dia da prova, já contávamos com o 4º lugar, pois tinha um FUSCA verde claro, cujo numeral era #69, se não me engano, que nunca aparecia nos treinos oficiais e largava em ultimo, mas no fim da reta já tinha despachado todo mundo, menos a GTA e o MINI.
CORRIGINDO:
O Renato Kreyscher com a GTA, pai do Aluisio, não se inscreveu, então devia chegar em 4º, atrás do MINI, do FUSCA  #69 do Júlio C. Lopes e do FUSCA  # 14 do Gato.
Largamos, e a prova transcorreu dentro da normalidade. Na primeira volta dei uma escapada na Sul, mas consegui me manter em cima do asfalto, com isso o outro fusca botou um frente razoável,  na Entrada do Miolo despachei o Gato, me desdobrei no miolo e consegui diminuir a diferença para o Júlio, pois eu era mais rápido de miolo, quando saímos no retão ele abriu de novo, e assim fui tentando nas primeiras cinco voltas, sempre se repetindo o lance das anteriores, resolvi me conformar com o terceiro lugar para evitar um acidente, já que estava me arriscando muito e não chegava no FUSCA # 69 do Júlio Lopes. Ultrapassagens só de algum retardatário (Edgar "Moleque" de 1093, entre eles) e cheguei em 3º, com direito a podium Taças, e festejo nos boxes.


FUSCA # 69 de Júlio C. Lopes                                        

Nesse dia tive uma das maiores emoções da minha, relativamente curta, vida de Piloto.





Ao receber a Taça, olho para arquibancada e vejo um cara, que na minha opinião, foi um dos maiores, se não o maior Piloto petropolitano, nos aplaudindo: Álvaro Varanda. Fiz um gesto como a lhe oferecer a taça, desci do Podium, entreguei a Taça pro Erwin e fui buscar o meu grande ídolo para levá-lo até os boxes. Ele vinha deixando as arquibancadas, me abraçou, me deu os parabéns e declinou do convite dizendo:



“Desculpe, tenho um compromisso, só passei aqui pra te ver e te dar um abraço”.



Não precisa dizer que o bobalhão aqui ficou com a voz embargada, os olhos marejados, e voltou pros boxes, relembrando a semana passada na fazenda dele em Sapucaia, Fazenda Monte Café, onde ouvi muitos conselhos, muitas histórias e vi muitas fotos.

Erwin Keuper e Álvaro Varanda já se foram. Muitas saudades, mas devem estar juntos, tenho certeza de que todos os bons formam o mesmo grid".

Pedro Henrique "Baleiro"

14 comentários:

Hiperfanauto disse...

Salve Pedro,

Parabens, gosto demais das histórias sobre o inicio da sua carreira no automobilismo junto ao leal amigo Erwin. Alem de serem bem contadas e muito interessantes, elas me remetem ao passado (final da decada de sessenta), e a minha curtissima carreira de piloto estreante. O fusca n.6 lembra muito um 1200 verde claro da minha mãe, que com seu enorme coração me cedeu para tirar os meus primeiros rachas em Interlagos.

Abs

Unknown disse...

E o que você está esperando pra contar pra nós?
Um abraço e obrigado.

Sidney Cardoso disse...

Pedro
Muito legal sua descrição da corrida.

Olha mais uma das inúmeras coincidências que costumam acontecer comigo quando leio reportagens na internet: fui a Europa em 1966, numa excursão, e no avião, por coincidência, meu lugar era ao lado de uma pessoa chamada Glicério.

Bem, começamos a conversar normalmente, apenas aquele papo trivial pra quebrar o gelo.

Na conversa descobrimos que ele estava na mesma excursão que eu participava.

Ele havia me falado que era proprietário de uma agência de automóveis em Cascadura, falei-lhe sobre nosso Colégio que também ficava no mesmo bairro, etc.

Nossa amizade foi aumentando já nas horas em que estávamos no avião, devido termos muitos gostos em comum.

Como ficávamos nos mesmos hotéis, os programados pela companhia de turismo, almoçávamos e jantávamos juntos.

Com isso surgiu uma grande amizade e o resultado foi que sempre íamos juntos aos mesmos lugares, boates, museus, etc.

Até aí nada, né?
Agora a surpresa pra você: ele era o pai do Julio Lopes, que era doido para correr e seu pai Glicério não deixava.

Quando ele me apresentou a seu filho e ele sabendo que eu corria forçou a barra com o pai, pediu para que eu desse uma força e o resultado foi esse que você viu, Julio Lopes passou a correr.

Como esse mundo é pequeno, não?

Unknown disse...

Sidney, o FUSCA do cara era aquele verde claro do 67, um foguete, o Seabra lembra dele.
Você tem notícias do Julio?
Teu afilhado, rs.

Antonio Seabra disse...

Corrigindo o Pedro (erro de digitação) - era n° 69

Eu lembro do carro, que era muito brabo (andava muito), mas não lembro do cara.

Antonio

Unknown disse...

Antonio, o # era 69, mas o ano do carro era 67.

Antonio Seabra disse...

Desculpe Pedro, voce estava falando do ano do carro se referindo a cor !!! Agora lembrei do nome daquela cor: verde berilo !
Não me lembro se foi este carro (mas acho que foi) que protagonizou uma cena engraçadíssima, que já comentamos: com ele estava muito fora do regulamento (todos estavam , rs,rs,rs, mas ele exagerava), numa das ultimas voltas ele, sabendo que ia ser declassificado e punido, na saida da norte, em vez de acelerar pra descer o retão, girou 180 graus pra esquerda, pegou a pista de terra em direção ao portão de acesso ao autodromo e...FUGIU !!!! Voce se lembra dessa estoria ???

Antonio

Unknown disse...

Antonio, eu houví essa história, mas como estava correndo não testemunhei,rs. Também não lembro se era o Júlio.

Sidney Cardoso disse...

Pedro Henrique
Não nunca mais tive notícias do Júlio, meu afilhado, rsrsrs. Outro que também foi meu afilhado, mais ou menos assim, foi o Nelson Balestieri.

A última vez que o vi o Júlio foi nos treinos da F-1 no Autódromo do Rio lá pelo final dos anos 70 ou início dos 80.

Seu pai Glicério deve ter passado para o andar de cima, visto que era bem mais velho que eu.

Pedro e Antonio

Houve esse caso sim do Fusca totalmente fora do regulamento que sabendo que seria desclassificado saiu pela pista de terra, mas com certeza não foi o Júlio. Foi um outro sócio do Benjamim, não o Wilson, se não me falha a memória o nome dele era Claudio, um lourinho.Conheci o rapaz, gente boa, e sabia do caso, a minha única dúvida agora é quanto ao seu nome, mas estarei com o Benjamim e perguntarei.
Abs,

Unknown disse...

Sérgio, nessa prova, o Júlio ficou em 2º, portanto não foi ele. Na Segunda prova, o Alex Borinsky, um cara que corria de DKW, descobriu a dupla carburação do Júlio, camuflada atás do banco trazeiro, e caguetou pros fiscais, e ele foi impedido de correr.
Abração.

Antonio Seabra disse...

Sidney,

A memoria, sempre ela (quando o "alemão" permite...) me faz umas surpresas: já voce conhecia o cara,o "fujão",veja se voce se lembra: não foi porque ele era menor de idade e não tinha nem carteira de motorista ??? Dai, teriam denunciado, e avisaram pra ele fugir ???? Estou me lembrando de algo assim, e quem teria me contado (eu também não vi, só ouvi o caso), foi o Wilson.

Antonio

Dinho Amaral disse...

Parabéns , realmente é uma emoção quando as coisas dão certo !!

Sidney Cardoso disse...

Antonio
Pô, rapaz, minha memória ainda está boa, acabei de falar com Benjamim ao telefone e ele disse que o nome do rapaz era Claudio mesmo. Claudio Becker, acrescentou, ele e eu não sabemos se a grafia está correta no sobrenome, disse-me que era descendente de família alemã.

Ele confirmou tudo, foi nessa corrida mesmo, disse-me que o rapaz já passou para o andar de cima. Caramba! Como tem gente nova passando para o segundo andar! Esse rapaz regulava a minha idade, já estou colocando minhas barbas de molho.

Quanto à sua última pergunta, vou ligar pra ele agora e saber.

Disse-me que o rapaz era maior de idade e tinha carteira de motorista, que o negócio foi o seguinte: ele era estreante, o carro estava todo envenenado, fora do regulamento, andando muito, quando denunciaram ao Girão ele, então, fugiu e nunca mais apareceu no autódromo.

O Benjamim me falou que está com reumatismo, disse que é a gota. Se estiver melhor amanhã vai no encontro do Amauri Mesquita lá na Barra e vai levar algumas fotos.
Abs,

Unknown disse...

Sidney, lembrou bem. O Claudio Becker ( a grafia está certa)era daqui de Petrópolis, se mudou para o Rio e montou uma oficina. Eu agora fiquei confuso se seria o Claudio ou o Júlio o cagoetado no episódio da dupla carburação que o Alex Borinsky descobriu.