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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ERWIN KEUPER II

Por sujestão do Grande Mestre Joca, vai uma historinha.
Feito o FUSCA, descemos para testar. Numa Quinta Feira, chegamos ao Autódromo às 9,00hs aproximadamente. Chamamos o Nonato e pedimos para experimentar o carro.
-"De geito nenhum. Sem equipe médica, sem Bombeiros nem pensar."
Argumentamos que o carro era novo, que se acontecesse alguma coisa nos responsabilizámos, que na semana seguinte tinha corrida e não sabiamos nem se o carro ia andar direito, que tínhamos vindo de Petrópolis e, finalmente, o cuidadoso zelador nos autorizou, não sem antes  fazer diversas recomendações.
Tudo pronto, Erwin ao volante, eu de co-piloto, começamos a rodar e trocar idéias. De vagar, estudando o traçado, sentindo o carro, chegamos a conclusão que deveríamos fazer a Sul de quarta, terceira na Entrada do Miolo, esticada até a  Ferradura, quarta na saída, terceira pra fazer o S, procurnado manter o carro por dentro na primeira perna pra sair forte na segunda perna, quarta no meio da leve curva pra esquerda, terceira na entrada da Norte, descer o Relevê pra tangenciar, e bota no retão.
Paramos nos boxes, eu desci e o porra louca do Erwin saiu baixando o cacête já na primeira volta.
Virou 2'3' alto. Na segunda volta virou 2'6" alto, tinha atravessado na Ferradura. Na terceira virou 2'3 alto, na quarta 2'3" baixo, na sexta 2'3" cravados, na sétima idem, na oitava idem, na nona de novo e parou.
-"Acho que é isso aí. Vai lá e vê se melhora. Na Sul basta uma rápida apertada no pedal do meio e bota de novo. Boa sorte."
Sentei na Barata, apertei o sinto (era dos poucos a colocar cinto na época), liguei o motor, o giro rápido do motor de arranque de 6 volts, com a bateria de 12volts está gravado até hoje na minha memória. O FUSCA pegou, embrulhando bastante na baixa, mas subindo de giro rápido e serrando de 2.500 pra cima.
A boca sêca, os pés tremendo nos pedais, saí para minha primeira volta no Autódromo.
Passei a primeira vez pelos boxes e o Erwim sinalizou ok mas não mostrou tempo.
Passei a segunda vez e nada de tempo.
Resolví ir mais rápido, passei, nada, de novo.
Na quarta volta passei, o Erwin sinalizou 2'4" com uma interrogação abaixo do tempo.
Passei na quinta 2'4" de novo e ordem para parar na próxima.
Pensei: Que merda, será que não vou conseguir?
Parei no s boxes, retirei o capacete, soltei o cinto e ia saltar quando o Erwin, com toda sua refinada educação, disse.
-"Onde você pensa que vái? Trata de voltar lá e mandar a bota nessa merda. Porra. Você veio aquí brincar?"
Argumentei que estava preocupado em acontecer um acidente.
-"Se acontecer foda-se. Tem tempo pra consertar essa merda."
-"Aquí dentro não pode ter "se". Tem que ser no limite."
Nós costumávamos dizer que nos pegas de rua você tinha que andar no limite menos "se". Se tiver água, se tiver óleo, se vier alguém em sentido contrário e outros "se".
Respirei fundo, tromei um gole de água e voltei pra pista.
 Na primeira passada nada de mostrar tempo.
Na segunda 2'3" alto, depois 2'3" baixo, dpois 2'3" cravados, na outra 2'3" cravados e parei.
-"Parou por que? Trata de voltar e baixar esse tempo".
Disse que não ia arriscar, que se tivesse que baixar seria na corrida, não ia arriscar mais.
Ele gritou, reclamou, me chamou de cagão, mas não voltei.
O Juca disse que eu tinha razão, que estava bom assim, e encerramos a minha estréia no Autódromo.



O saudoso Erwin Keuper e o FUSCA com o numeral#44

2 comentários:

Antonio Seabra disse...

Pedrão,

Muito gostoso o texto, delicaia de ler. Por esse tipo de testemunho é que vale a pena a gente ler os blogs que cobrem antigomobilismo !

Queremos mais !

Antonio

Sidney Cardoso disse...

Faço coro com Antonio Seabra e acrescento: o Nonato era isso mesmo, primeiro dizia que não podia sem ambulâncias, bombeiros etc, mas a gente insistia e ele que também adorava ver os carros correndo cedia após algum tempo.